A poesia é mentira que o poeta inventa
pra fingir a si mesmo,
quando deixa no papel qualquer momento.
Na esperança desonesta de que o defina.
E mente insistente em palavras belas ou não.
Querendo ele mesmo ser palavra,
quando na verdade é vazio.
Olha pra trás e percebe-se tantos em tantos momentos,
que já não é ninguém.
E a vida essa repetição de agoras,
que para ser vivida precisa ser inventada
em passado, presente e esperança,
continua passando.
E o poeta, egoísta que vive
tenta desesperadamente prende-la
no segundo que começa a escrever
sem saber que o que escrevia acabou de passar.
Desgraçado seja, o pobre coitado
que nem desistir consegue, dessa eterna e enfadonha
repetição da tentativa de reter a vida.