9 de fevereiro de 2014
Felicidade
As vezes eu penso que a felicidade não é um estado que é alcançado
quando conseguimos tudo (ou algo) que queríamos. Ela seria mais um
estado intencionalmente mantido (a duras penas) no dia a dia. Seria mais
uma vontade de estar em paz consigo mesmo e com o que acontece ao seu
redor. Mas é de fato construída a duras penas, no dia a dia, nas
pequenas ações, atitudes e pensamentos. E quando penso assim, tenho
certeza de que se assim for, essa segunda felicidade é imensamente mais
consistente que a primeira. Porque não é como um castelo efêmero construído
na areia, é mais uma forte estrutura de pequenas pedras construída sobre
um pântano lentamente aterrado. Será?
5 de fevereiro de 2014
Capítulo 5 – Divina Erosão
A alma, de pedra tem de se fazer areia, e da areia em pó,
antes que possa voar com o vento.
E a erosão da alma começa pela dor.
Antes pesados e presos ao solo, pedras não lapidadas que se
defendem no orgulho.
Que se escondem no grito, que se fazem de leves, e se pintam
de paz.
Mas a verdade é interna, e não podemos fugir de dentro.
Reconhecer nossas falhas é antes um ato de coragem e
nobreza, que um sinal de fraqueza.
Pois o pior fraco é o que se pensa e faz de forte.
O peso de nossas dores e erros, nos quebra aos poucos, e é penoso,
mas nos quebrando, nos fazemos mais leves.
Ninguém é tão forte que não possua fraquezas, ninguém é tão
fraco que não possua forças.
Somos todos iguais.
Tentamos, mas não nos fazemos diferentes com dinheiro,
poder, beleza, conhecimento ou qualquer outra coisa.
Diferenciamo-nos, mas mais pelos outros (que alimentam de
forma prazerosa nossos egos) do que por nós mesmos.
Por que no fim, não importa quão belos, quão ricos, quão
cultos sejamos, ainda erramos.
Erramos, por que fazemos sofrer, a nós e aos outros.
E assim sem encontrar o fim do sofrimento, queremos sempre
mais daquilo que não nos completa. Querendo sempre mais, reiniciamos o ciclo.
Esquecemos que dentro de cada um, existe um silêncio, uma
espécie de vazio que não conhece valores, que não pesa, que não compara.
Que só respira, que só existe, que só sente o vento na face,
e ponto.
Nesse silêncio quase vazio vive uma paz eterna, que pode ser
buscada a qualquer momento, pois também não conhece o tempo.
Uma vez nesse silêncio, a névoa do pensamento se desfaz, o
peso se alivia, a dor se ameniza, e a vida parece mais simples de novo.
Podemos então, ponderar nossos atos com mais clareza, mais
leveza, e assim lentamente nos tornar mais felizes.
Vivendo a paz, trazendo a paz. Perdoando “nossas ofensas, e
a quem nos tenha ofendido”.
Trazendo calma em vez de raiva,
amor em vez de ódio,
compreensão em vez de palavras duras,
e caridade sempre.
E seguimos nos quebrando, desfazendo essa pedra que a vida mundana
criou ao redor de nós.
Até que não sejamos nada (pelo menos aos olhos das outras
pedras),
Apenas poeira, apenas ‘poeira no vento’.
E o vento, ah, esse sim não conhece limites.
03/01/2014
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