27 de dezembro de 2008

Crônica de um dia na água

Contam que há muito tempo o céu se apaixonou pelo mar.
Desde então sempre que sente saudades, o céu faz chover no mar.
E assim, só assim podem os dois amantes se tocar.

Provando que o amor é possível, até mesmo quando impossível.

19 de dezembro de 2008

Capítulo 4: Reaprendendo a andar.


Paz e integridade, santuário interno.
Serenidade, dádiva humana, tesouro perdido.
Dos buracos que tinha cavado em minh'alma procurando o tesouro,
só quando os preenchi novamente o encontrei.

Voltei a andar.
Voltei a serenidade do viver e ponto.
Acreditei em mim, redescobri que ainda acredito em muito.

Voltei a andar.
Pisei nas nuvens novamente.
Lembrei que um passo sempre precede o outro, e que depois virá mais outro.
E que o caminho se fará.
Que a certeza sempre volta, e aponta direto pra dentro.

Há mágica no vento de novo.
Há maravilha no simples.
Há paraíso no silêncio.
Há amor no dia-a-dia.

Mas minh'alma ainda manca.
Cambaleia. Estremece. Pende.
Mas já não cai.
Vou reaprendendo a andar.

Agradeço e agora sei que a queda fez sentindo.
Cair voando para perceber que não se sabe nem caminhar.
Estou no caminho novamente,
sou santuário, amor, paz, sutileza e simplicidade
num simples respirar.

Deixe que a vida faça-se a si mesma.
Permita-se apenas viver.

23 de novembro de 2008

Em que vaidade você se mantém?

Não, não me diga quem és.
Apenas me diga onde dói.
Por que isto o identifica.
E assim é.

"Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"
Apenas me diga qual sua dor e em que vaidade você se mantém.
Por que este é você,
assim simples é a verdade.
Somos a vaidade que escolhemos para nós.
Somos aquilo que dizemos para nos que somos, para que não admitamos aquele que realmente somos.
Admitir seus próprios buracos sem poder preenche-los seria fraqueza,
e fraqueza é inadmissível, por que num mundo de fracos é inaceitável que não se seja forte.
Então pareça! Pareça ser.
Por que ninguém se importa com que você realmente é.

Há um eu ai dentro, vestido de vaidade, envolto em orgulho, escondido no medo.
Nos protegemos uns dos outros dia e noite.
Mentimos quando dizemos "tudo bem"
Somos simplesmente incapazes de assumir a fraqueza.
E assim o seremos.
Nos esconderemos na beleza, na riqueza, na inteligência, no humor, na poesia ou ainda na violência.
Mas nunca, jamais seremos nós mesmos!

Isso não!
Ainda não foi permitido.
Ponha sua máscara, o baile começou.
Ponha sua máscara pois o mundo é teatro e tu a de representar.
Esconda-se de você , em você mesmo enquanto ainda é tempo, antes que a máscara caia e você fique nu. Apenas com aquele que tanto negas que és.
Esconda-se enquanto há tempo.

Não seja você, seja aceito.

3 de novembro de 2008

Capítulo 3: A Cura

Voe baixo meu coração,

Voe apenas o quanto pode,

Enquanto se cura,

Ate que se cure.


Que aprenda a por aqui viver,

Onde por enquanto é seu lugar.

Fique por aqui, porque aqui você se encontra,

Ate que você se encontre.


Quando te encontrardes sorria,

Apenas brevemente,

Ate que tenha certeza que não te perderas novamente.


Aproveita tua estadia,

E aprenda,

Porque aquele que quiser ser o primeiro,

Que seja então o ultimo de todos.


Mas por enquanto, não te aflijas.

Apenas voe baixo, e descanse.

Teu caminho a ti virá novamente.

20 de setembro de 2008

Capítulo 2: A Morte

Ironia da vida humana,
Estamos todos mortos.
Falta-nos o básico,
Excedemo-nos do banal.
Os corações batem,
Rítmica, frenética e produtivamente
no mundo moderno.
Como uma grande fábrica de sangue,
caquética e seca no sentir.

Devemos admitir, estamos mortos.
Os eus que somos, o mundo os criou.
Ou nós os criamos para o mundo.
O sopro de vida dorme nos eus que somos,
na verdade dentro de nós.
Tão visível e distante quanto o céu.
E igualmente só pode ser alcançado voando.

Mas ainda não, a existência humana pesa.
Nossos pedaços de culpa, rancor, soberba,
preconceito e individualismo são ancoras.
Nossos egos correntes.
Não podemos voar.
Estamos mortos. E presos ao chão.
Devemos viver, por enquanto, assim só humanos.

Talvez um exercício, para reaprender a voar.

[Talvez seja o primeiro passo. Admitir a queda.
Admitir os limites da morte.
E acreditar que viverei novamente.]

26 de agosto de 2008

Capítulo 1: A Queda

Pássaro caído, que não sabia voar.
Vento forte vivia, mas esqueceu de respirar.
Libertou-se metade, mas continuou a pesar.
De voz fraca, descontente e sem graça cantava.
Mas do chão, sua voz já não ecoava.

Esta era a vida, daquele que desaprendeu a viver.
Preso pra sempre a limites que odiava.
Amarrado em rimas vazias, enterrado em sua própria agonia.
Nos confusos pensamentos de sua pequena cabeça,
fluíam tristes vazios de seu antes grande coração.

Será mais triste viver cego num mundo de merda,
ou conhecer a verdade e não poder alcança-la?

Era assim a vida do pássaro que olhava para o céu e já não via mais nada.



[Deixo essa impressão de mim no papel, para que ela aqui descanse.
Longe do meu coração, que ainda não desistiu de voar.]

8 de julho de 2008

Versos Velhos.

Li meus versos velhos.
De um caderno rasgado.
Envolto em poeira, e cheio de sentimentos secos.
Que ficaram ali grudados, eus que eu me esqueci de lembrar.
Parte de mim que ficou no caminho.
Parte de eu que deixei no papel.
Fato é que fiquei mais velho.

Vi que já falei muito.
Que fiz poemas gritados, num grito de eco fraco,
gritei e o som se perdeu no nada, nas minhas velhas revoltas sem ação.
Já fui um apaixonado cego, já fui um apaixonado louco,
um homem fraco demais pro mundo,
e o homem que mudaria o mundo.
Escrevia uma paixão que sabia que acabaria.
Falei de mágica sem conhecer.
Falei de mim sem me saber.
Falei de um mundo, que hoje, ainda bem, não posso mais ver.
A voz do pássaro que não saia do chão.

Quando é que olharei poemas como este, e terei a mesma sensação?
Quem eu serei depois de mais uma parte do meu destino?
Que homem olhará para trás e verá a criança que agora escreve?

O Futuro às vezes me hipnotiza.

5 de junho de 2008

Correndo a Vida.

Me impressiona a dificuldade do homem de adaptar-se a própria vida.
Estuda, casa, dinheiro, trabalho.
E pensa?
Corre, tempo, data, empresa.
E sente?
Deseja muito mais do que por tempo realiza.
Sua vida é mais que ele mesmo.
A vida sem sentido.

No sinistro ciclo vicioso de correr a vida,
só pensa com tempo,
só tempo com dinheiro,
mas com dinheiro sempre sem tempo.
Somos homens sem sentido, numa vida sem tempo,
de bolsos cheios de dinheiro.

Quem somos se não paramos para saber de nós.
A velha ligação ser-estar passou agora a ter-estar.
Quando é que viveremos com tempo para viver?

Ah! Mas vamos parar de bobagens, por que não é tempo,
de se ter tempo para a arte.
É tempo de se morrer sem ter vivido.

23 de maio de 2008

Redenção, Renascimento, Emoção e Liberdade.


E nos meus tempos mais perdidos.
No meio dos poéticos labirintos de dentro.
Enquanto olhava meu reflexo na lua.
Um poema dos mais belos chegou a mim.
Me possui com tanta força, que sou incapaz de expressar sua totalidade.
É como as ondas do mar, indo e voltando calmamente.
Como um leve vento frio na face.
O calor do sol no corpo gelado.
Terno como um abraço de mãe.
Emocionante como lágrimas felizes no rosto.
É desejado como a liberdade.
É sentir o perfume mais sublime.
Como correr sorrindo sem saber para onde.
É como ser criança rindo ingênuo novamente.
É como a paz de observar o mar.
E hipnotizante como o nascer do sol.
É estar apaixonado pela vida.

Me faz entender, por que viver para sempre.
Me faz querer nascer de novo.
E perceber que acabo de faze-lo.
É ver que a vida é inexplicavelmente bela.
Que o amor existe.
Que viver valeu a pena.
E que não importo em morrer.
Se assim eu continuar para sempre.
Me faz perceber que o infinito é hoje.
Me faz lembrar de tudo com um imenso prazer, e ter vontade de viver tudo de novo.
Das épocas em que eu era puro, e ingênuo. O mais próximo de mim que já estive.
Me faz querer gritar.
Me faz querer (e poder) voar.
Me faz querer amar.
Absurdamente e sem limites até o fim das minhas forças.
Me faz querer abraçar você, sem nem saber quem você é.
E eu posso escrever por toda a noite, sem que eu consiga explicar,
E sem que esse choro de emoção desentale.

Que fique então aqui registrado, a pequena passagem do vento da liberdade.

16 de maio de 2008

Somos Todos Um.


Somos 6 Bilhões.
Igualmente solitários
na busca por nós mesmos.
Iguais na sina e na esperança
de não saber quem somos
vivendo presos em nós
sonhando em liberdade.
Iguais nas dores que se acumulam com o tempo.
Iguais até na hipocrisia de esquecermos que somos iguais.
Iguais em querer ser diferentes.

6 Bilhões de corações carentes.
Iguais em acreditar no amor
e em desiludir-se.
Idênticos em continuar acreditando.
Iguais em se vislumbrar pelo pôr-do-sol.
Em se perder na imensidão do céu.
Estamos todos juntos querendo ficar sozinhos.

Somos todos iguais
Somos da mesma matéria
Somos todos um
Iguais em nada saber
Iguais em tudo sentir

6 Bilhões de homens perdidos
e confusos.
Perdidos na ilusão do mundo que criamos.
Iguais na busca pela verdade.
E igualmente afastados dela.
Andamos todos pelo mesmo chão.
Olhamos todos o mesmo céu.
Choramos todos as mesmas lágrimas salgadas e todas pelos mesmos motivos.
Somos os mesmos na aventura de viver
iguais na busca de um porquê.
Os mesmos nas crianças que fomos, nos homens que somos, nos velhos que seremos.

Mas, absolutamente, somos iguais em sentir.
Sentimos, porque nos aproximamos de nós.
Sentindo, porque não podemos evitar.
Sentimos, porque é o que fazemos melhor.
Sentindo, porque não há sentido em ser, se não houver o sentir.
Sentindo até que se finde
A infindável busca de si.

Sentindo até que voltemos a ver.
Somos Todos Um.

22 de abril de 2008

Paixão Trivial Nº Vinte e Última

Uma voz chorosa que tinha medo de se magoar me tirou da apatia ridícula de viver dos prazeres que acabam.
E de acreditar em mulheres sem coração.

De repente a gente acorda num susto, quando sente um calor no peito.
E abre os olhos, pra descobrir que ser feliz no mundo de mascaras é mentir a vida.
Quanto tempo perdi sem que o essencial batesse em meu peito?
Por quanto tempo esqueci que sou todo emoção?
Depois, as dores do meu, me fazem pensar nas dores dos delas,
e causadas por mim, começa o inexplicável no meu sempre quase explodir,
Coração.


Das minhas juras inúteis, dos meus amores sozinhos, da minha época comigo.
Retiro a imagem de mim mais verdadeira
que todas as imagens que construí no mentir doce das noites com elas.
Agora sou todo eu novamente.
Que eu me apaixone pela “única-que-eu-sempre-esperei”, ou não.
Mas minhas paixões por todas vocês, de agora pra sempre. Absurdo.


Me levantei mais leve essa manhã, pra ser livre de novo.

31 de março de 2008

Paixão trivial número 27.

Noite.
Entre o amargo gosto de álcool em sua boca, e uma pequena dor no pé,
dançava,
dançava porque esquecia de si.
Olhava em volta como se visse o mundo.
E via uma vaga lembrança da vida.
Achou o que procurava, disse 2 frases
(mais pronunciadas que verdadeiramente ditas),
e esqueceu-se de seu coração.

Largou o copo.
Junto com o gosto novo , de saliva sem gosto,
dois corpos se entrelaçavam, numa voracidade
que sob algum ponto de vista, talvez fosse humana.
Entre muros úmidos, em um canto de casa
seu corpo se esquecia da alma.

Fechou a calça.
Se sentou. E enquanto olhava para o céu,
procurava a si mesmo.
A viu sair.
E a momentânea solidão, lhe trouxe de volta seus vazios,
e a lembrança de inúmeros momentos como este,
e mulheres como aquela, que ele sentia raiva por não amar.
Na triste certeza da efemeridade de tudo,
concluiu que passou a deixar em mulheres suas vagas lembranças do homem que queria ser.

Foi para casa.
E ria no caminho,
quando pensava que aquela noite, e aquela mulher não sabiam o que haviam feito nele.

20 de março de 2008

Poço raso no verão.

Encontro-me estranhamente seco.
Por que fogem de mim, as antes tão minhas, palavras?
Em algum alguém dentro de mim, agora descansa minha inspiração.
Perdi minha poesia.
Por que meu cotidiano perdeu a sua.
E a beleza do mundo me parece vetada.
A minha vida limitada sem ela.

Me esqueci do que realmente importa.
E o que importa esqueceu de mim.

Talvez um dia eu volte à turbulência onde as palavras dormem,
e as resgate para que morem em minhas poesias, como fazia antes de morrer.
Mas agora estou morto, não há vida sem poesia.
E esse preto e branco parece sem fim.
Tão sem fim, quanto esse péssimo poema, que eu não queria ter de escrever.

13 de fevereiro de 2008

Dos Esquecidos.

A vergonha estranha de viver veio de repente, num dia normal de tv.
Numa vontade de não sei o que e um choro entalado no peito.

Quando no meio do meu sofá na metade do dia, olho para tela
e nem sei se vejo gente.
É o deposito, de restos de gente e de lixo.
E o que sobra do almoço todos os dias, enquanto converso e tomo coca cola,
virou comida.
E as batatas podres que achei feias,
viraram sopa.
As caixas do meu computador novo,
viraram casa.
E minha dignidade,
virou lixo.

Tenho vergonha de tudo que escrevo.
Mais ainda do que faço.
Acordo sempre na mesma rotina na mesma cama macia, no mesmo fazer nada,
no mesmo criticar demais.
E olhar nos olhos do homem-bicho que come e mora o mesmo lixo, me mataria no primeiro segundo, seus olhos de trabalho meus olhos de pensar,
meu coração de explodir seu coração de sonhar.
Vergonha das minhas conversas políticas em mesas de bar, em roupas quentes.
E todo o ridículo das esmolas que dou.

Uma raiva esquisita de tudo.
E o posterior topor do paradoxo de viver capitalista.
Do ter tanto com tanta vergonha, e desvontade de ter por causar a falta do ter,
mas falta vontade no desistir de tudo, por tanto tudo pra ter, e tanto mais para querer.
E no fim,meus irmãos ainda têm fome enquanto escrevo, minhas palavras enfadonhamente hipócritas não os sustem, de nada mais que vergonha de mim.


[A foto bem de verdade, por que de verdade é essa gente.]

12 de fevereiro de 2008

Mesmo que só às vezes.

O meu Deus.
Tenho não sido eu há tanto tempo.
Tenho me prendido tanto, a tanto do que não importa.
Tenho negligenciado ajuda a tantos, e ao contrário os tenho machucado.
Tenho perdido a ingenuidade simples da natureza.
Tenho perdido o ser, só por ser.
Tenho criado descrença, em vez de fé.
Tenho feito crer que não se pode mudar o mundo.
Tenho me esquecido de mim, dentro de mim. O melhor de mim.
Tenho esquecido junto comigo, o invisível do mundo, o indispensável.
Tenho errado tendo consciência dos erros.

O meu Deus.
Mas eu ainda estou aqui.
E às vezes posso ser/sentir o vento.
E às vezes ainda posso usar as palavras como instrumento de harmonia.
E às vezes ainda consigo fazer chorar de emoção.
E às vezes ainda consigo diminuir dores.
E às vezes ainda consigo renovar fés.
E às vezes ainda consigo ensinar.
E às vezes ainda aprendo com a natureza.
E às vezes ainda consigo me sentir um com o mundo.
E às vezes ainda sou amor.
Às vezes... Só às vezes.

Mas mesmo que só às vezes.
Eu ainda sou.
E mesmo que só às vezes, vou tentar mudar o mundo.
E mesmo que só às vezes, vou amar de verdade,
acreditar sem duvidar, ajudar sem perguntar,
viver com amor, ser feliz sem porquê,
dar a mão, oferecer um abraço,
encorajar, fazer mudar, fazer sorrir,
rir, ou gargalhar.
Mesmo que só às vezes, vou acreditar que posso.

[A pior "poesia" dos ultimos tempos.]

30 de janeiro de 2008

E Sem Mais Nostalgia.

Estranho momento de ser,
é o decidir esquecer.
Decidir fraco, que por si só se desmente,
sem saber que decidir esquecer é manter a lembrança na mente.

Mas talvez seja um passo.
E quando tentar me lembrar,
só verei um espaço.
Há momentos que tem que ficar,
para que outros venham.
Adeus.

Então viro essa página
com o ponto final desse poema.
E deixo por aqui os risos de escola, beijos de namorada,
essa rima chata e sem nada.
Filosofia ao luar, pique-pega, uns erros a mais, frases de amor,
cerveja e cigarro.

E toda minha saudade dos eus que já fui.

23 de janeiro de 2008

Déjà vu.

Estou só no nada,
cheio de vazios
conquistados com tantos erros traiçoeiros e imperceptíveis.
Cansado de tudo de novo.
Porque me tornei uma maldita repetição de erros,
uma estranha máquina de dor.
Alguma coisa torta em mim.
Alguma mucosa podre em meu coração.
Eu perdi, e estou de volta a mim mesmo,
mas só a mim.
Nem amigos.
Eu só.
E esta velha dor.

Me desculpem, minhas luzes não encontram mais túneis,
só fins.

Eu Metade.

Eu em mim sou dois.
Nenhum deles sou eu.
E qual deles eu sou?
Eu sou metade.
Metade um, metade outro.

Por isso não sou,
nunca fui.
Sempre estou.

De nós em mim
há um que gosto.
E outro.

E nínguem nos conhece aos dois,
porque dos dois, os dois mandam,
dos nos os eus mudam, e desmudam.
E eu não sei.
Um é luz, outro homem.

Um sou bom,
o outro sou eu.
Um sou eu,
o outro machuca.
Um fala muito,
outro age demais.

-Eu amo.
-Não sou bom o bastante para tanto,
já fiz chorar demais.
-Os erros são para que um dia não sejam mais.
-Mas eu repito, sofro e morro.
-Sou infinito,feliz e amo.

Nós não se entendem.
Cansei.
Quero ser um.
Mas ainda não, por enquanto só metade.

Um quero ser livre, e para o outro sou louco.
Outro sou preso e para o um estou doido.

10 de janeiro de 2008

Amor não arde.

"Amor é fogo que arde sem se ver", mentira!
Na verdade amor não arde.

E hoje meu coração dói,
e essa dor me ensina uma dura lição:

Jamais direi: Homens não amem.
mas sempre hei de dizer: Homens não se apaixonem.
E: Não confundam amor e paixão.
Paixão é gás venenoso que penetra, com promessas de amor,
todo meu corpo carente, e me mata "feliz", e aos poucos.
Paixão é prisão, e amor liberdade.

Paixões vão sempre te machucar,
mesmo que prometam o contrário,
mesmo que levemente,
mesmo que no fundo da alma, vai sempre doer.

Talvez por orgulho seja difícil ver uma ex-paixão apaixonada
(e por alguém que não você).
Talvez por fraqueza.
Talvez por medo.
Talvez por carência.
Talvez por falta de fé.
Fato é que paixões machucam.
E machucam por muito tempo.
Por isso digo: Amigo, não se apaixone.

Porque paixões doem como alfinetadas no âmago do ser,
e doem por sempre acabar,
acabam por estarem fadadas ao fim, por não serem infinitas,
não são infinitas por não serem amor,
e não são amor por estarem afogadas em ciúmes,
em insegurança, em dependência, em restrições e principalmente
por doerem em vez de acalentar o coração.
"Que seja eterno enquanto dure", mas dura pouco, sempre.

De novo digo: amigo não se apaixone,
e falo: Nunca diga que ama se só esta apaixonado.

Talvez você não me entenda,
mas se pudesse sentir a dor do vazio causado pela paixão,
você não me questionaria.

A dor e o amor são universais,
e a escolha também.
Esta ultima é sua.
Desista da dor largando as paixões e siga o amor.
Porque Camões não conhecia o amor,
mas sofria muito por paixão.