13 de dezembro de 2009

O Ser e o Silêncio

Meu copo de chá e a momentânea total falta de som.
Disseram que o silêncio no mundo me ensina
que já não conseguimos ouvir a nos mesmos.

É essa na verdade a causa do excesso de sons cotidianos,
essa miscelânea de barulhos (que lutamos tanto para criar)
nos impede de confrontar a nos mesmos.

Evitando a vergonha de ter de fugir de nossos próprios pensar/sentir.

E assim vivemos e brindamos o mundo moderno,
com seus aparelhos mp3,
e esse viver embriagado, confuso e sem porquês.

23 de novembro de 2009

Alémfilosofia (Assimilação)

Eros/agápē/philos sofia

Penso, logo existo. Em partes, verdadeiro.
Pensar é existir. Mas existir não é só pensar.
Sentir é existir. Duas partes do mesmo conceito.

Penso e sinto, logo existo.
Mas estou pensando ao chegar a essa conclusão.
Não, não. Não devo suspeitar.
Também sinto. Pensar e sentir.

Existir.

Vinicultor que tem voz agradável da água escura ou preta e que supera.

18 de novembro de 2009

Sereno


Nada além que este vento que uiva na janela,
Que esta rua sem pedestres, ou esta manhã nublada.
Amanheci errado dias atrás.
E se mantêm a melancolia chuvosa desprovida de sentido.
Chuvisco dia e noite aqui fora.

Um sentimento assim calmo e silencioso, que me recusa a resposta sobre si.
Tão tênue e suave, que não me permite a preocupação.
Deixando-me sempre nesta pequena indiferença entre o calmo e o triste.

Mesmo que pareça chuva, largado de tudo que estou, ando apenas sereno.

10 de outubro de 2009

Nas noites da vida.

Nada deixo a fazer por achar que me arrependerei.
Pelo contrário, quando assim penso as faço.
vivo então num eterno balanço
entre o arrependimento e o orgulho
Das loucuras que já fiz.

Mas não é que eu seja louco, sou apenas normal demais para deixar a vida passar.

28 de setembro de 2009

Mediocridade de Abadá

Os relacionamentos são instituições falidas.
O amor morreu.
E continuamos nos alimentando de ilusões românticas,
que bebem de nossa fraqueza, e incapacidade de nos mantermos sozinhos,
pura e simplesmente por que não suportamos a nossa própria existência,
e as faltas de sentido daí provenientes.
Nós sugamos debilmente essa vontade de sentimento,
fugindo o tempo todo de nós mesmos,
e nos escondendo nos outros.

Então vestimos a mediocridade de abadá e chamamos isso de liberdade.


Queria eu não acreditar em minhas próprias palavras.

9 de agosto de 2009

Improcurável.

Passei horas procurando por uma verdade qualquer que me apeteça.
Depois da tempestade da falta de sentindo
As máculas que fizeram são sanguessugas de palavras.
São Crédulas Rápidas Férteis.
Mas não suprem.
Esvaziam tudo e a si mesmas.
Na busca do meu sentindo real.

Na busca do meu sentindo real procuro.
Uma placa Um dedo Um guia.
Esqueço-me de que me sei guiar.
Por que já não sinto os pés. E nem vejo o chão por onde voô (Ou tento Ou quero).

Me sinto diverso, inverso. Travesso de qualquer falta de tudo.
De qualquer palavra que me acalme a alma.
Que me cale o sentindo.
Que me deixe o sono.

Procuro o inalcançável o jamais encontrado sentindo de tudo. Sentido de mim.
De nós E do resto.
Me perco Por que não há saída.

Procuro. O improcurável.
Dê-me a verdade. Tire-me tudo. Mas dê-me.
A que ninguém teve. A que Emudece Estremece Balança e Derruba o mais forte.
A resposta a Formidável Fatal Frivolidade da Pergunta mordaz
Quem sou?

24 de julho de 2009

Levemente Suspensa (a vida)

A vida não faz o menor sentido.
O mundo nunca foi ordenado.

Há uma leveza simples no viver.
Não há destino traçado.
Não há mais caminhos sem volta.
E nem missões a cumprir.

Não há o ontem doloroso, nem o futuro sempre esperança.
Não há nada.
Há apenas agora.
E falta de ordem.
E este momento.
Onde vivemos e levemente existimos.

E não há limite no agora.
E os planos não nos satisfazem de nada mais que decepções.
Não há nada,
há apenas este breve segundo do agora,
levemente suspenso como uma poeira no vento.

E a vida se vê efêmera como um sopro num dente-de-leão.

3 de julho de 2009

Apaixonada Dualidade

Essa dualidade de existir humano me apaixona.
Ser sentir e ser prazer.
Ser amor, nobre e poético.
E bêbado, sexual e irascível.

Esta vontade que contrasta o sentir,
que nenhum poeta, profeta ou filósofo resolveu.
Este caminho de várias saídas.
Viver assim efêmero e assim eterno.
Ser este sem sentido me apaixona.

Esta qualquer contradição em que se faz a vida é maravilhosa.
Choro e rio com ela.
Sofro e sorrio.
Sou e nem sei mais, ao mesmo tempo.

Quero às vezes a completude da paz,
mas se assim fosse
seria humano?

Prefiro às vezes ser apaixonado,
ser só assim, ridículo, humano,
e poeticamente belo, como somos todos nós.

17 de maio de 2009

A Vida e a Ponte

Efêmera como é.
Acabará de repente.
E assim sem aviso.
Trará lembranças de tudo que não vivemos.

Junto com a saudade das lágrimas que não choramos,
ou com os "eu te amo" que esquecemos de dizer.

Acharemos quando chegar, que vivemos pouco.
Mas até que chegue nos vemos infinitos,
e ocupados demais pra pensar sobre ela.

Tu perecerás e tudo que conheces contigo.
Então porque te prendes ao passageiro?
Se sabes que são passageiras muitas de suas vontades,
de tuas paixões,
de tuas ações desmedidas,
oude seus excessos de trabalho sem vida.

E tu morrerás.

E tudo morre.
E tudo acaba.

E a vida é assim tão apresada.
Que até este poema se encerra assim.
Antes de eu achar que era hora de seu fim.

"Se a vida é como uma ponte, então não devemos construir casas sobre ela"
Proverbio Oriental.

7 de abril de 2009

Abusada

Você me aparece do nada,
Para me provar que minhas verdades eram mentira.
Reviver uma esperança velha e enferrujada.
Traz tudo de volta,
E leva com você o meu próprio controle.
Aparece como se sempre estivesse estado aqui.
Com essa naturalidade de quem já se conhece.

Naquela lua crescente que fez todo o sentindo,
Naquela noite pra sempre ao seu lado.
Você que me ridiculariza,
e me faz parecer assim um adolescente bobo apaixonado que resolveu escrever.
Só não ouse partir.

Quero teu sorriso espontâneo comigo.
Quero tua pele macia em mim.
Quero-te.
E tu abusada nem me deixa saber por quê.
Abusada sim, porque já assim tão rápido,
Rouba uma parte de mim.

Mas não te preocupas, te acharei de novo.
Até que ache em ti a resposta pra essa turbulência sem resposta em meu peito.
Até que ache em mim essa parte de ti que completa meu mosaico sentimento.
Mas por enquanto apenas fique essa noite.
E talvez eu te diga o mesmo noite que vem.
E na próxima?

Te procuro para achar a resposta.

19 de fevereiro de 2009

Epifania

“Amor – Tente se livrar dos conceitos preestabelecidos para “amor” e procure uma concepção pessoal. Procure manifestações de amor em outros níveis da natureza, como nos reinos vegetal, animal e mineral. Escreva sobre o assunto.”

Jogo do Eu – R. D. Silva.

2007, uma tarde quente...

Onde está o amor?

Andei procurando por ele,
tentei procurar senti-lo
talvez senti onde estava.
Ai pensei (ou será que senti?):

Disseram-me uma vez,
e por tempos julguei verdade,
que o amor é aquele momento em que uma pessoa diz,
e outra escuta um “eu te amo”.
Assim aprendi que o amor era como uma planta.
Precisava.
Precisava de cuidados.
De pessoas certas. As vezes escolhidas, talvez predestinadas.
Precisava de carinho, afinidade, paixão e seja lá o que for.

Não!
O amor na verdade, só não precisa.
Independe.
Só existe.
Qualquer momento.
Qualquer lugar.
Todo indivíduo.
Tudo.
Talvez só um fator restrinja o amor, a vida.
Só há amor onde há vida.

Ah! Mas como essa é abundante.
Mesmo quando julgamos seu fim, ela continua.
Até no que julgamos mínimo,
há vida.
Até no inanimado,
há vida.
Lembranças tem vida.
Pensamentos tem vida.
E onde há vida, há amor.
Está em tudo, que são todos.

E a vida e amor estão sempre tão entrelaçados que se confundem.
Onde começa a vida, quando termina o amor?
Vida sempre houve, amor sempre haverá.
Mas só há vida, onde há amor.

Não tem começo, não tem fim,
não tem limite.
Só tem amor. E vida.

Viva!

28 de janeiro de 2009

O Olhar

Há poucas coisas no mundo que acho que entendo.
E há muitas outras das quais não faço nem idéia,
Como aquele olhar.
Assim tão duradouro e incompreendido
Como o de Sabina para Franz*
Daria todo um glossário de palavras (não ditas) incompreendidas

O que queria aquele olhar dizer?
Assim depois de tantos anos!
Quando nossas vidas estão tão habituadas a estarem distantes.
Não te compreendi.
Apenas sei que talvez tenhas deixado em minh’ alma sua última marca profunda.
E acredito que morrerei assim sem saber
Das mil apalavras que ali foram ditas.

Talvez algum tipo venenoso de adeus?

*A Insustentável Leveza do Ser – Milan Kundera