2 de dezembro de 2010

Ah se você soubesse

Ah se você soubesse,
Que meu coração bate junto com o seu.
Que sua infelicidade é a minha desgraça.
Que me sacrificar por você é minha alegria.

Ah se você soubesse,
Que deixei de ser eu mesmo, pra ser nós.
Que minhas noites sem você são insípidas.
Que você é a minha mulher, e é você que eu quero.

Ah se você soubesse,
Que minha vida não tem mais graça sem você.
Que nossos momentos nunca foram esquecidos.
Que nunca antes existiu alguém como você pra mim.

Ah se você soubesse,
Que o que eu sinto eu não consigo expressar.
Que sofro  por não poder te ajudar.
Que o meu futuro só é, se for com você.

Ah se você soubesse,
Que o que eu falei e te fez mal,
Saiu da boca já com um gosto ainda quente de arrependimento.

Ah se você soubesse,
Que minha poesia some, e ficam só palavras sem graça
Por que você me bagunça por inteiro.

Ah se você soubesse,
Que cada vez que te faço sofrer,
Eu me machuco em dobro, e sofro junto e pior que você.

Ah se você soubesse...
Ah se eu tivesse conseguido te dizer...
Talvez a dor tivesse sido evitada.
Talvez a cor não tivesse esvaído.
Talvez eu teria sido um homem melhor pra você.

Ah se você soubesse,
E eu queria mesmo que você soubesse.

28 de outubro de 2010

Exagerado (contra) senso

De tão complexa a realidade se derrete lentamente
nos assobios do vento em nosso pensamento
segue sem destino pra algum lugar definido
de mãos dadas com aquilo que acreditávamos antes mas agora nos é absurdo.

Se infiltrando venenosamente na busca da verdade
vamos escorregando pra fora do mundo
e serenamente transformados em poeira
caímos no chão para repousar no nada que encontramos.

Mas logo vem o pisão, e logo após outro
rua cheia, gente rápida andando na companhia de seu próprio vazio interior
te jogam estilhaços da realidade inventada
que gruda nessa matéria qualquer que suga tudo em seu perceber.

Abrimos os olhos, e estamos novamente cegos
pelo menos andamos juntos agora, soçobrando sobre um pensamento qualquer
que já não sabemos mais exatamente qual era mesmo?
Brindamos novamente o vinho viscoso e grudento que prende nossos pés ao chão
saboroso no entanto não perceber.

Flutuamos vagando de lado em lado, de verdade em verdade,
nos expandindo e contraindo empurrados por uma fala qualquer
até que ela nos esprema novamente contra a parede da plenitude da percepção
e só nos sobre escorrer pra fora de tudo por falta de força.
Ou por falta de senso.

Onde é que estávamos mesmo?

19 de outubro de 2010

Hoje eu não tenho compromisso,
não quero poesia, prosa, texto ou canção.
Me utilizo desse papel como um amigo silencioso
que me consola, sem me questionar.

Já falei sobre tudo, sobre o amor das pedras pelo ar,
da plenitude, da finitude,
dos sistemas, dos governos,
das mazelas humanas,
da verdade, da pureza e
do inteligível.
Não há nada sobre o que eu não tenha de pronto
formulado uma maldita opinião.

Mexi, remexi, montei e desmontei as peças do que
dava sentido ao meu ser.
Mas acho que perdi um pedaço.

Já vivi todos os meios, todas as classes e ambientes.
Boêmios, sujos, limpos,
requintados, intelectuais,espiritualistas, fúteis, poéticos, depressivos, revoltados e alegres.
Mas acho que não sei a qual pertenço.

Me falta um sentido, que me guie para
um sentir, pensar, agir e falar coerentes.
Toda essa dicotomia me enlouquece,
nenhuma das verdades de vocês me apetece.
E eu cansei!

De suas verdades contraditórias
e de vocês.
Não tentem me convencer, me ajudar,
encaminhar ou me enaltecer.
O que eu quero,
ninguém pode me dar.
Sejam eles vivos, mortos ou eternos.

A vida se mostrou nua, crua, cruel e devoradora.
Eu desisto!
Não posso aguentar.
Me dêem a benção da ignorância
ou uma verdade que me junte
as partes de mim que foram solitárias
e corajosas se dividindo entre essas diversas
mentiras acreditadas que nós vivemos.

Só posso viver tranquilo onde não exista qualquer sociedade desarranjada.
Mas não posso viver em paz enquanto exista qualquer sociedade desarranjada.

Não tenho lugar, não tenho o pensar,
não tenho o sentir, não tenho dinheiro,
não tenho paz, não tenho função, não tenho alegria, não tenho amor.

E agora, como podem ver,
não tenho poesia.

Mas deixem-me escrever, pois aqui pelo menos
tenho a ilusão de ser livre.

Procurei em mim a sabedoria e encontrei espaço

A vida me seduziu com o pensar,
me fez acreditar no sentir,
me fez procurar e me revirar tentando achar
o sentido que ela me exigia.

Mas no fim, enlouqueci
me perdi em mim.
Nesse abismo solitário e sedento de entender
que eu me tornei.

28 de junho de 2010

Meu passatempo predileto são os momentos com você.

As vezes eu me pego pensando em você.
Só as vezes.
Como naqueles segundos cada vez mais frequentes e sutis como você,
aqueles em que não sabemos em que lado da cama tinhamos dormido.

E ao lembrar tais momentos,
eu afirmo: você é linda, e que te quero muito.

Percebendo segundos depois, que a tolice que achava bela, e te disse
era simplesmente incapaz de expressar a perfeição daquele momento com você.

Mas me alegro quando percebo que você é maior que qualquer sentimento que eu poderia ter expressado.

E sorrio então, por saber que é você quem tenho comigo.

7 de junho de 2010

Xeque-mate

A linha que divide o real e o imaginário,
É tão palpável quanto a do equador.
A beira da loucura
a mente anseia por uma normalidade que nunca existiu.
Percebendo que esteve sempre nesse mesmo instante antes de enlouquecer,
Apenas protegida pelo hábito de pensar logicamente.

Mas paremos com essa ingenuidade juvenil
de cantar romântica a loucura.
É feroz e dominadora,
rápida, cruel,
e sem remorsos.

Vil o bastante para nunca fazer com que ninguém enlouqueça,
Ela joga xadrez com a realidade,
E enfim põe em xeque a razão,
Deixando a esta a ridícula e resignada ação de derrubar seu próprio rei.

Mas antes da desistência a razão sofre de sua própria incoerência,
dessa angústia, morre uma lógica “de tudo ter lógica”,
e a identidade morre com ela.
O desespero da inutilidade do raciocinar, só pode por fim ceder.
Criando um circulo eterno de tentar dar sentindo a uma ilusão.

De certo me dirão: “Ora, mas já fazemos isso a séculos”
Todo aquele que sofre da ilusão de viver, tenta dar um sentido a sua própria loucura.
Sim, mas de pronto responderei: “A sina do louco, é não poder parar de pensar”
Deixar isso pra lá, não é uma opção.
Nem tirar uma pausa pro cigarro.
É uma hiperatividade eterna, e sem pausas.

Estou em xeque.
Não quero derrubar meu rei.

7 de maio de 2010

Volátil

A poesia é mentira que o poeta inventa
pra fingir a si mesmo,
quando deixa no papel qualquer momento.
Na esperança desonesta de que o defina.

E mente insistente em palavras belas ou não.
Querendo ele mesmo ser palavra,
quando na verdade é vazio.

Olha pra trás e percebe-se tantos em tantos momentos,
que já não é ninguém.

E a vida essa repetição de agoras,
que para ser vivida precisa ser inventada
em passado, presente e esperança,
continua passando.

E o poeta, egoísta que vive
tenta desesperadamente prende-la
no segundo que começa a escrever
sem saber que o que escrevia acabou de passar.

Desgraçado seja, o pobre coitado
que nem desistir consegue, dessa eterna e enfadonha
repetição da tentativa de reter a vida.

18 de março de 2010

Para suportar existir.

O que faz valer a pena estar vivo?
Jogados nessa miscelânea de eventos, em algum momento
o espelho nos pergunta:
O que faz valer a pena estar vivo?

Sobrecarga de trabalho.
Falta de tempo.
Pouco descanso.
Mas vale a pena?

O quê?
Pergunto à aquele vidro estranho que me repete.
O quê? Senão os ideais
Ele responde.
São, sempre foram e serão
Eles que movem essa miséria que é a vida humana.

Pouco palpáveis.
Arriscados.
Vêm sempre cheio de dúvidas e medos.

Mas o quê? Senão os ideais mais utópicos que nos completam.
Nos dão um porquê.
Uma causa qualquer para suportar existir.

Ora meu caro.
A TV ligada me respondeu,
Devia lucrar.
Devia pensar em meus futuros filhos, e em alimentá-los.
Devia comprar do melhor e apenas assim viver melhor.

Mas meu reflexo não me deixou mentir.
Melhor vive aquele que tentou, morreu tentando,
ou apenas formulou um ideal qualquer.

O quê? Senão a utopia.
Terminou dizendo meu espelho.

Essencial mesmo, são os sonhos.
Suspirou minha criança que tinha vindo assistir.

6 de março de 2010

Que fazer?

Revendo a fé, reavendo conceitos, revirando-me.
Me remexo tanto, que nessa confusão de existir perco alguns pedaços de mim,
só para acha-los depois e não saber mais de onde vieram.

Procuro em mim, o que falta no mundo.
Na utopia ingênua de que possa mudar qualquer coisa.
Ainda assim renitente repito meu "devo fazer"
sempre sem saber o que.

Os buracos deixados no mundo não me contém.
Não me tocam. Mas me angustiam.
Nesse quefazer pouco definido, ainda falta a definição de mim.

Que se fará primeiro? Eu ou a solução do mundo?
Minha ação poderá esperar o meu rencontro de mim?
Sonho que nasceu morto? Ingenuidade adolescente?

Ô Deus, ando tão perdido, na procura de seu encontro.

Mas ainda sonho toda noite com minha utopias.
E em minha cama quente sempre acho que devo tentar.
Mas o vento frio da vida que criamos, sempre me lembra a minha falta de coragem.

Ô Deus, ando tão confuso, nessa ambiguidade entre sobreviver e viver pelo mundo.

Mas ainda sonho toda noite com minha utopias.
Acredito, mesmo sem lógica ou razão, que serei capaz daquilo que eu ainda nem sei.
e o mesmo medo sempre me acorda.

Ô Deus, ando tão sonhador, e tão imóvel.
Ô Deus...

18 de fevereiro de 2010

A confusão da simplicidade que nos faz feliz.

Em que vida?
Eu me joguei,
Ou me guardei?
Eu não sei. Mas...

Me Perdi.
Me guardei em mim?
Não sei...

Só sei que cresci.
Sei que sou talvez uma sombra longínqua
do eu que sou de verdade.

4 de fevereiro de 2010

Talvez Poesia

Por quê?

Se em meio a tanto caos e desgraça vive o homem,
(e vive cego feliz)
teria eu que nascer com a pior desventura, sentir.

Se nessa vida tudo acaba (nos ensinam)
teria eu que entender que somos pra sempre?

Nesse mundo de pontos finais,
teria eu que nascer interrogação?

Essa estranha marca de linguagem que sou,
miscelânea de sentimentos em tufão que rege meu coração,
o tambor.
Que toca renitente uma nota só,
amaldiçoado a jamais fazer música ou poesia que consiga explicar
o seu sem razão sentir.

Estou fadado eu, interrogação a viver da minha companheira,
a potência de fala, reticências?

Talvez. (palavra dotada de toda angústia do quase responder)
Imagem de Ítalo Agra

26 de janeiro de 2010

Só por hoje?

Sem poesias nem reflexões por hoje,
Quero apenas o humano normal, raso e sem brilho.
Quero só a leveza da existência sem porquês.
Só por hoje. Por hoje é só futilidade, e frivolidades.

Necessito de férias de mim mesmo e do mundo.
Desejo o vazio interior.
Chega de turbulências.
Chega de questões.

Me deixe em paz.

18 de janeiro de 2010

Religio


É tempo de religar.

Palavras simples, para mais uma previsão qualquer daquele que sempre previsto tem mania de surpreender e assustar. O Futuro.

Antes que seja então, aquela que sempre se tem, e sempre se quer mas nunca se preenche e por infeliz que somos nos guia. A vontade.

Por impossibilidade, nem um nem outro então, que fique apenas aquele segundo simples perdido entre tantos outros segundos, que pretende mudar os que o sucedem, o momento do desígnio. A ação.

É tempo de religar.
Religuemo-nos. Reflitamos. Reviremo-nos. Encontremo-nos.

Sobre a Chama.

Louvado seja o Eros
por gerar tamanha vivacidade turbulenta em um ser para que ele adore e duvide de sua condição,
ao mesmo tempo em que perde sua sanidade no prazer e luta contra a dor de não ter mais razão.

Louvada seja essa condição,
que é antítese pura até em metalinguagem.
Que é dual até quanto a sí mesma.

Louvada seja
pois tem o poder de confudir o poeta.

13 de janeiro de 2010

Eros é chama que arde sem se ver.

O Eros me alimenta,
me apetece,
me aquece e acaricia.
Mas nunca me basta.

Humano e carnal que é,
o vivo, mas não me concebo nele.
Apenas desfruto.
Como um brinquedo exótico para uma criança,
eu me divirto.

Longe de me completar,
Vocês o dão a mim e criam a ilusão de posse e constância.
Tolos.
Eros é chama. E apaga.

Eros é chama. E apaga.
Deve-te lembrar.

A incompletude em mim existe para sentimentos maiores.
Não se considere precipitadamente parte que me falta,
Por que em geral, você não o é.

O efêmero brilha-me os olhos.
Abre-me o sorriso e cria-me a risada.
Mas cansa-me, e cansa rápido.

No fim, não te aflijas.
Sentimentos não são como flores
(como repetem irrefletidamente os tolos).
Antes são como árvores, basta sim que se regue,
mas o crescimento nunca é assim tão rápido.

Pode te tornar parte de mim,
mas nunca te comportes como se o fosse antes que te tornes.

12 de janeiro de 2010

Eros


Alguma coisa nasce em mim,
Que traz de volta uma velha incerteza,
Que cria um medo bobo (em nós),
E me lembra aquela antiga insegurança juvenil.

Alguma coisa nasce em mim,
Que me tira o sono,
Que me rouba a mente e me faz insano, confuso.
Tanto que me impede de saber perfeitamente o que é que nasceu.

É uma antítese qualquer inventada há muito tempo,
Que é simples mas altamente complexa quando vivida.
Que cabe na calma de um abraço e na turbulência do beijo.
Que se resume no arrepiar da pele e também no bagunçar dos cabelos.

Não sei o que é,
Sei apenas da confusão de felicidade, dúvida, completude, incerteza, paz e medo,
e outros sentimentos mais que me inundam.

Sei que o que me causa isso é você.
Sei que quero mais (disso e de você).
Sei que já me tornei uma mistura disso, de você e eu.
Em uma frase?
Estou apaixonado por você.