13 de maio de 2014

Vidas à venda.


Você tenta.
E tenta novamente.
Você acredita, e acredita mesmo.
Acredita que é isso que vai te fazer feliz.
Você luta, transpira, transborda.
Acredita e desiste, e acredita de novo.
Tudo por aquele novo carro.
Ou aquela casa.
Quando eu estiver lá eu serei realmente feliz.
Com isso por mês, terei tranquilidade.
E aí quem sabe?

Como não ser feliz naquele apartamento?
Afinal, aquele cara, em frente a praia, carrão na garagem...
Que mais? De que ele precisa?

Até que.
E dai?
Talvez uma casa maior?
Talvez eu precise de um quintal.
Ou será que uma TV maior?

Mas eu continuo sozinho.
Mas posso pagar umas putas.
E as melhores drogas.
Mas depois.
E dai?
Você continua. Talvez haja algo.
Talvez algo maior possa tapar esse buraco.

Talvez seja reconhecimento.
Quem são eles? Quem eles acham que eu sou?
Eu sou maior.
HÁ. Olhe como são pequenos daqui de cima.
Mas depois... de onde vem esse vazio?

Sua fome cresce, sempre duas vezes mais
que quantidade que come.
Mas quando será o bastante?
Afinal, eu sou humano e sonho.

E meu sonho é claro.
Palpável, melhor, pagável.
Visível nas melhores vitrines.
E você luta. Você transpira, e consegue!
Mas então. Produto melhor. Vitrine ao lado.
Por que não? Quem eles acham que eu sou?

Casa grande. Mulher bonita. Filhos casados.
Carro sport. Smart TV, phone, not-so-smart-vida.
E morre. Como todos os outros.
Mas afinal, não era isso que você queria?

Lápide maior, lápide menor. Cruz de indigente.
No fim do jogo, ninguém vence.