25 de janeiro de 2013

Des norte ar



Os tempos são novos,
A carne já nem tanto.
As dores se acumulam
lado a lado com a alegrias e felicidades de uma vida que que já se aproxima da metade.
Percebo que mudei, que vivi, que sonhei, chorei e sorri.
As vitórias não parecem assim tão vencidas 
quando a vida se aponta a beira do abismo do desconhecido.
A alma sofre a falta de sentido, e se desorienta no medo da perda do por que.

Não sou velho, mas vivi o bastante para aprender quais são os verdadeiros amigos.
Para saber que as dores e os erros vão só se acumular com o passar dos anos.
Que o fogo sempre vira cinza sem o alimento de lenha.
Que os momentos mais esperados, passam rápido e deixam mais nostalgia que felicidade.
O fim de uma época sempre precede o início da nova, 
mas a alma jovem anseia por direções rápidas e certezas instantâneas.

Sofremos do viver, e buscamos um alívio.
Vivemos no caos total de um poema que como esse não tem pé nem cabeça.
A desordem é o padrão, 
e o desejo de organizar a vida é mais facilmente cumprido sem muito pensamento.
Nascemos para sermos felizes, vivemos para conquistar o mundo.
E nos decepcionamos. Sempre. Dominar a vida e ganhar na sociedade são objetivos frívolos.

Há algo em nós maior que isso. Há uma vontade de não sei o que, uma vontade de paz.
De se sentir completo, de juntar as várias partes de nós que se misturam na vivência social,
que tem sempre vários objetivos e usa várias máscaras.
Mas há algo. Uma necessidade de fazer algo que nos trará paz.
Encontrar essa paz é um tarefa hercúlea.
Mas buscar é a chave.

Do que precisamos? Do que você precisa? Do que eu preciso?
Sinto em mim que sou mais, e posso mais do que faço.
De braços dados com tal revelação vem o sentimento de fraqueza, vulnerabilidade e culpa.
A crença bamba de que tudo vai dar certo
às vezes tem que se travestir de cimento, para que possamos continuar.
Continuar não até o topo, talvez até o fundo. O fundo de nós.
E saber que se quisermos ser os melhores, talvez devamos ser os últimos.
E nessa busca incessante por nós, encontrar o ‘que fazer’.

Não sou velho, mas vivi o bastante para ter uma direção do que realmente me faz feliz.
Vivi por tempo demais das promessas de uma vida social normal e bem sucedida.
Nasce em mim a muda já morta de uma necessidade de fazer algo mais. Algo novo.
De dar de volta toda a benção que tive na minha vida, que me fez chegar aonde queria.
Surge em mim novamente o homem que prefere os escárnios sociais 
a uma vida vivida na ilusão de felicidade e baseada no individualismo.
Nasce em mim novamente o homem que acredita que todo homem é mestre de todo homem.
De que a mudança vem antes por palavras tenras e pela mão gentil, 
do que pelo grito de ódio e das ações violentas.

Sei agora mais que nunca, que jamais estarei satisfeito com as vitórias normais do homem comum.
Me recompensa mais saber que ajudei, do que um cheque gordo no fim do mês.
No fim, não sei o que nasce. Não sei o que sou. Não sei quem serei, nem o que devo fazer.

Mas algo renasce.
Algo renasce em mim que nunca deveria ter morrido.
Algo tão nebuloso como a sensação de me dirigir para a paz que busco.