9 de setembro de 2014

Ecos

Aquela metáfora tão nossa, já passou, desgastou e rasgou.
As pétalas jogadas ao chão, ainda vivem?
Em alguma memória feita amarga, talvez.
O que era só nosso não é mais de ninguém.
Corrente que flui, e que seca.
O ultimo tic, do ponteiro que de cansado, parou.
A chama... há tanto tempo. Nem as cinzas se lembram.

O que é então?
Que se arrasta? Dono desses resquícios que grudam? O que é?
O frio da pele sem toque assusta, e o medo domina.
Mas, será?

Ou teriam todas as metáforas se extinguido?
E o que há para se sentir são ecos envelhecidos?
Ecos que gritam um sabor áspero, e tão tênue quanto renitente.
Mas, será?

Escorro entre essas interrogações arenosas e já erodidas,
até que caia.
E me levanto numa bravura tola de acreditar no futuro.
Tropeço, porém, no porvir além do porvir, onde ecos mais novos me espreitam
da porta deixada intencionalmente aberta, por onde entra o vento frio
que substitui o calor que agora existe apenas no passado desse futuro inventado.

Cada metáfora que morre, leva um pouco da espontaneidade
que alimenta essa fantástica gênese de significados.
E o amor meu caro, nasce sempre de alguma metáfora besta.

Porém, não é a bravura sempre tola?
Talvez na miscelânea de signos confluentes, algum se encante mais de outro,
e deixe sair do poço mais seco aquele velho cheiro quente, que hidrata o existir.
E as erosões caquéticas possam em fim terminar seu trabalho,
deixando a terra a ser batida por outros pés.

Mas, você vai se permitir?

Nenhum comentário: